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segunda-feira, 28 de junho de 2010

OSAMU TEZUKA DEUS DO MANGÁ


Com o quarto e último livro já à venda, chega ao final a edição brasileira da biografia em quadrinhos de Osamu Tezuka, o mais influente roteirista e desenhista quadrinista japonês, criador de clássicos como Astro Boy, A Princesa e o Cavaleiro e Kimba – O Leão Branco, falecido em 1989. Se você se lembra das figuras desenhadas com olhos grandes quando alguém menciona mangá e anime, fique sabendo que foi tocado por uma característica implantada por Tezuka. Daí já é possível se ter noção de sua importância para os quadrinhos, que ainda reunia bons roteiros (foi precursor de narrativas longas, com séries de mais de mil páginas) e narrativa visual cinematográfica (era fã incondicional de cinema e animação). Não é à toa que é chamado de mestre, ou mesmo de Manga no kamisama, ou seja, “o deus dos quadrinhos”.

Essa produção da Toshio Ban e Tezuka Productions é leitura obrigatória para quem curte quadrinhos, independente do gênero, e especialmente para aqueles que desejam produzir suas próprias HQs. A determinação, força de vontade extraordinária, a imensa criatividade, a paixão pelos desenhos animados que ajudou a popularizar no Japão, a adoração dos fãs e pupilos do mestre são características mais destacadas na trajetória desse Walt Disney japonês (e ele certamente se orgulharia da comparação, pois era fã do norte-americano). Dá vontade de terminar de ler e sair produzindo nossas próprias obras...

A edição brasileira é da Conrad (www.conradeditora.com.br) e, como em outros mangás publicados pela mesma editora, mantém o sentido de leitura japonês (da direita para a esquerda). Isso dificulta um pouco, mas é um pequeno preço a pagar pela história do principal artista responsável pela popularização do gênero, bem como da animação japonesa, que acabaram ganhando o mundo. Para ler e guardar na coleção.


A biografia

A história se inicia contando a história de Tezuka desde seu nascimento, a publicação de sua primeira tira (aos 17 anos, no Jornal Mainichi) e a forte pressão do governo japonês durante a Segunda Guerra Mundial, que via qualquer manifestação artística como antipatriótica (mesmo os seus mangás pacifistas).

A paixão pelos quadrinhos divide espaço com a vontade de se tornar médico e o artista consegue, com muita persistência, conciliar a profissionalização como quadrinista e o término da faculdade de medicina. Tezuka logo abandona as tiras de jornal e sugere às editoras mangás de longa duração, com temas mais densos. Deixa então sua cidade natal, Osaka, para dar conta da produção em Tóquio. O volume de trabalho é tanto que os editores das revistas fazem plantão para fiscalizá-lo em seu trabalho e, muitas vezes, o artista usa diversos recursos para despistá-los (muitas dessas situações são demonstradas nos livros).

O mestre então monta uma equipe artística para ajudá-lo na produção. Mas ainda é o responsável pelo roteiro, pelo layout das páginas e pela maior parte dos desenhos (os discípulos começam finalizando cenários, detalhes de personagens, etc). Para garantir o estilo e a qualidade, Tezuka chega a criar diversas tabelas com exemplos de desenhos, traços, iniciativa que viria a se tornar importante no momento da produção das animações, antigo sonho do artista.

Com o boom da televisão no Japão, Tezuka encara o desafio inédito no país de criar uma série de desenhos animados semanais para a TV: Astro Boy. A montagem da equipe, a formação de mão-de-obra, as dificuldades, soluções, os aspectos técnicos que acabaram consagrando as animações japonesas em todo o mundo são tratados na coleção. Ao mesmo tempo, o mestre continua a produzir séries de HQ, atividade lucrativa que banca o nascimento dos seus animes, que inicialmente davam prejuízo.

Com o sucesso, Tezuka consegue conhecer diferentes países para divulgar seus mangás e animes, homenagens e também como uma espécie de “embaixador cultural do Japão” em eventos (e nunca deixa de trabalhar mesmo durante as viagens). Destaque para visita aos Estados Unidos - conhecendo de perto o trabalho de Walt Disney - e Brasil - em 1984, trazido pela Fundação Japão com direito a exibição de seus desenhos animados, trabalhos disponibilizados para a IV Exposição de Quadrinhos e Ilustrações da Abrademi (Associação Brasileira de Desenhistas de Mangá e Ilustrações), no Masp (Museu de Arte de São Paulo), e ainda um tempo para conhecer o cartunista Maurício de Souza (fã confesso do japonês).

A coleção apresenta ainda lista de obras de Tezuka e artigos especiais da profa. dra. Sonia M. Bibe Luyten, autora dos livros Mangá, o poder dos quadrinhos japoneses e O que é Histórias em Quadrinhos.

Osamu Tezuka vol. 1 - O Nascimento do Osamushi (1928-1945)

Osamu Tezuka vol.2 - O Surgimento do Mestre (1945-1950)

Osamu Tezuka vol.3 - O Sonho do Artista (1960-1975)
Osamu Tezuka vol. 4 - A Consagração do Gênio (1975-1989)
por Ricardo S. Tayra
jornalista e roteirista,
colaborador da REDERPG
e do estúdio Impacto Quadrinhos




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